Crônica
Ao som do Blues
Ao som do Blues
27/04/2013
22:10h
Ele aproximou-se do rádio e o ligou. O Blues que tocava
invadiu a casa. Segurou a taça de vinho entre os dedos e suavemente deslizou
pelos lábios, saboreando seu doce sabor. Abriu a porta e o frio vento daquela
noite de inverno o soprou os cabelos fazendo-o arrepiar.
Encarou-o de frente.
Sentou no muro que dava para a rua sem largar seu doce
veneno vermelho que transpirava por dentro da taça.
O Blues revezava com um Bolero numa sessão boêmia... toda a
casa aberta, iluminada apenas pela meia luz da madrugada.
Sentia-se personagem de um clipe dos anos 80 com tanta
música, vinho, frio e silêncio... com toda essa tal “boemia” que pairava no ar.
Calafrios lhe percorriam o corpo a cada encontro de sua boca
com o doce vinho. Gostava daquele “cenário”, onde podia pensar e se misturar
com a noite. Ouvir o chorar daquele Blues que parecia se isolar em sua cabeça,
entorpecendo seu pensar. Era o que lhe fazia bem em momentos assim. Era que lhe
dava prazer quando a tão somente solitária madrugada entrava.
O frio já não incomodava mais...
O vinho já não era tão desejado...
Mas o Blues...o Blues continuava a tocar, o fazendo desejar
coisas que nem ele conseguia decifrar.